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Ficha técnica, letras das canções e as capas dos discos,
sempre  que os temas concorrentes foram editados

Canção nº 1
Título: Onde É Que Tu Moras?
Intérprete: Carlos do Carmo

Música: Paulo de Carvalho

Letra: Joaquim Pessoa

Orquestração: Thilo Krasmann

Vídeo: aqui

Meu amor dormindo

meu sonho acordado

teu ventre parindo

um cravo encarnado.

 

Onde é que tu moras

meu lençol de espanto

por quem é que choras

quando eu te canto.

 

Aqui!

À procura de ti nesta canção

vou dando tudo em troca desse não

que faz do meu poema solidão.

 

Aqui!

Tão só como a certeza em que te espero

dentro de mim renasce o desespero

por tudo o que eu não amo o que eu não quero.

 

Aqui!

Entre rosas de raiva e de tormento

trago anéis de silêncio e sofrimento

conto as forcas de sangue que há no vento.

 

Aqui!

tenho a fúria nos dedos desenhada

farei do nosso amor a barricada

perdendo quase tudo quase nada.

 

Meu amor dormindo

meu sonho acordado

teu ventre parindo

um cravo encarnado.

 

Onde é que tu moras

meu lençol de espanto

por quem é que choras

quando eu te canto.

 

Meu azul doendo

meu barco parado

pássaro morrendo

mas sem ter voado

Canção nº 2
Título: Estrela da Tarde
Intérprete: Carlos do Carmo

Música: Fernando Tordo

Letra: José Carlos Ary dos Santos

Orquestração: Joaquim Luís Gomes

Vídeo: aqui

Era a tarde mais longa de todas as tardes que me acontecia

eu esperava por ti, tu não vinhas tardavas e eu entardecia

era tarde, tão tarde, que a boca, tardando-lhe o beijo, mordia

quando à boca da noite surgiste na tarde tal rosa tardia.

Quando nós nos olhámos tardámos no beijo que a boca pedia

e na tarde ficámos unidos ardendo na luz que morria

em nós dois nessa tarde em que tanto tardaste o sol amanhecia

era tarde de mais para haver outra noite, para haver outro dia.

 

meu amor, meu amor

minha estrela da tarde

que o luar te amanheça e o meu corpo te guarde.

meu amor, meu amor

eu não tenho a certeza

se tu és a alegria ou se és a tristeza.

meu amor, meu amor

eu não tenho a certeza.

 

foi a noite mais bela de todas as noites que me adormeceram

dos nocturnos silêncios que à noite de aromas e beijos se encheram

foi a noite em que os nossos dois corpos cansados não adormeceram

e da estrada mais linda da noite uma festa de fogo fizeram.

Foram noites e noites que numa só noite nos aconteceram

era o dia da noite de todas as noites que nos precederam

era a noite mais clara daqueles que à noite amando se deram

e entre os braços da noite de tanto se amarem, vivendo morreram.

 

Meu amor, meu amor

minha estrela da tarde

que o luar te amanheça e o meu corpo te guarde.

meu amor, meu amor

eu não tenho a certeza

se tu és a alegria ou se és a tristeza.

meu amor, meu amor

eu não tenho a certeza.

 

eu não sei, meu amor, se o que digo  é ternura, se é riso, se é pranto

é por ti que adormeço e acordo e acordado recordo no canto

essa tarde em que tarde surgiste dum triste e profundo recanto

essa noite em que cedo nasceste despida de mágoa e de espanto.

meu amor, nunca é tarde nem cedo para quem se quer tanto!

 

Canção nº 3
Título: Os Lobos e Ninguém
Intérprete: Carlos do Carmo

Música: José Luís Tinoco

Letra: José Luís Tinoco

Orquestração: José Calvário

Vídeo: aqui

Cresceu nas pedras
falou sozinho com a voz do relento
soube do sabor da morte, da sorte e do vento.
cresceu calado
dormiu sozinho na terra batida
marchou descalço no pó dos caminhos da vida.
Guardou os rebanhos dos lobos à chuva e ao frio
suou tardes de terra dura na ponta do estio
comeu do pão magro
da magra soldada
largou a enxada
largou o noivado
largou p'ra cidade mais perto
para um pão mais certo.


Malhou no ferro
abriu trincheiras, estradas. Sonhou.
Andou no mato perdeu a infância. Matou.
Marchou caldo
dormiu sozinho na terra batida
caiu descalço no pó dos caminhos da vida.
E os lobos lá longe. E as asas de abutre sem cara.
E o medo na tarde, na farda, no corpo, na arma
soldado na morte
do mato no norte
na sorte do vento
no fogo da terra
nascido descalço
crescido nas pedras
dormido sozinho
no pó do caminho
enxada
pão magro
relento
soldado
na ponta do estio.
E o medo na tarde.
E os lobos lá longe. E as asas de abutre sem cara.


Enxada
pão magro
relento
soldado
na ponta do estio.
E o medo na tarde.
E os lobos lá longe. E as asas de abutre sem cara

Canção nº 4
Título: Novo Fado Alegre
Intérprete: Carlos do Carmo

Música: Fernando Tordo

Letra: José Carlos Ary dos Santos

Orquestração: Thilo Krasmann

Vídeo: aqui

Amigo,

abre também a tua voz e vem comigo

não cantaremos nunca mais o fado antigo.

 

Agora,

em cada verso há um homem que não chora

e o futuro é o sítio onde se mora.

 

Cantar é ser um pássaro de esperança

poisado no olhar d'uma criança

que de olhar nunca se cansa.

 

Amigo,

vou-te dizer palavras loiras como o trigo

hoje cantar é aprender a estar contigo.

 

 

Agora,

cada palavra tem o gosto d'uma amora

que a gente apanha e morde pela vida fora.

 

cantar é ter um sol dentro da voz

e repartir o sol por todos nós.

cantar é não estarmos sós.

 

 

Amigo,

vou-te bater com as palavras ao postigo

escuta o sentido das noticias que te digo.

 

 

Agora,

cada canção terá a força duma aurora

que a gente acende e leva pela vida fora.

 

cantar é ser um pássaro de esperança

poisado no olhar de uma criança

que de olhar nunca se cansa.

 

Amigo,

não tenhas medo do cansaço ou do castigo

a nossa voz dá-nos calor, dá-nos abrigo.

A hora,

é de mandarmos a saudade e o choro embora

e noutro fado desgarrarmos vida fora.

 

A hora,

é de mandarmos a saudade e o choro embora

e noutro fado desgarrarmos vida fora.

Canção nº 5
Título: No Teu Poema
Intérprete: Carlos do Carmo

Música: José Luís Tinoco

Letra: José Luís Tinoco

Orquestração: José Calvário

Vídeo: aqui

No teu poema
existe um verso em branco e sem medida
um corpo que respira, um céu aberto
janela debruçada para a vida
No teu poema

existe a dor calada lá no fundo
o passo da coragem em casa escura
e, aberta, uma varanda para o mundo.
Existe a noite
o riso e a voz refeita à luz do dia
a festa da senhora da agonia
e o cansaço
do corpo que adormece em cama fria.
Existe um rio
a sina de quem nasce fraco ou forte
o risco, a raiva e a luta de quem cai
ou que resiste
que vence ou adormece antes da morte.
No teu poema
existe o grito e o eco da metralha
a dor que sei de cor mas não recito
e os sonos inquietos de quem falha.
No teu poema
existe um cantochão alentejano
a rua e o pregão de uma varina
e um barco assoprado a todo o pano.
Existe um rio
o canto em vozes juntas vozes certas
canção de uma só letra
e um só destina a embarcar
no cais da nova nau das descobertas
Existe um rio
a sina de quem nasce fraco ou forte
o risco, a raiva e a luta de quem cai
ou que resiste
que vence ou adormece antes da morte.
No teu poema
existe a esperança acesa atrás do muro
existe tudo o mais que ainda me escapa
e um verso em branco à espera do futuro

Canção nº 6
Título: Maria Criada, Maria-Senhora
Intérprete: Carlos do Carmo

Música: Tozé Brito

Letra: Tozé Brito

Orquestração: Mike Sergeant

Vídeo: aqui

Disse adeus aos pais, adeus à montanha

por trinta dinheiros desceu à cidade

Maria-criada p'ra servir às ordens,

Maria-mulher de menor idade.

 

Maria tão só, numa casa cheia,

Maria tão cheia de se sentir só

entrega o seu corpo, quer criar raízes

oferece amor e recebe dó.

 

Maria que chora, que se entrega a outros,

e a cada domingo não os vê voltar,

Maria que aprende a usar o corpo

por mais dez dinheiros, para se enfeitar

 

Perdida por um, perdida por mil

a família longe, sem saber de nada,

Maria-senhora para servir à hora,

veste-se de seda, já não é criada.

 

Perdida por um, perdida por mil

a família longe, sem saber de nada,

Maria-senhora para servir à hora,

veste-se de seda, já não é criada.

Já não é criada.

Canção nº 7
Título: Cantiga de Maio
Intérprete: Carlos do Carmo

Música: Carlos Mendes

Letra: Joaquim Pessoa

Orquestração: José Luís Simões

Vídeo: aqui

Trago dentro da garganta

as letras do teu nome

quando um homem se levanta

grita fúria em vez de fome

 

Só a força das palavras

fez do medo esta verdade

quando é teu o chão que lavras

o arado é liberdade

 

Meu país vontade corcel de saudade vencida

meu povo em viagem ganhando a coragem perdida

meu trigo, meu canto, meu maio de espanto doendo

meu abril tão cedo, tão tarde meu medo morrendo

meu amor ausente, meu beijo por dentro queimado

num tempo tão lento tardamos no vento até quando

Até quando?

 

Trago as palavras desertas

na canção que eu inventei

e nas duas mãos abertas

estas veias que rasguei

 

Por isso o meu sangue corre

na seiva da primavera

sou um homem que não morre

sou um povo que não espera

 

Meu país vontade corcel de saudade vencida

meu povo em viagem ganhando a coragem perdida

meu trigo, meu canto, meu maio de espanto doendo

meu abril tão cedo, tão tarde meu medo morrendo

meu amor ausente, meu beijo por dentro queimado

num tempo tão lento tardamos no vento até quandoaté quando?

Até quando?

Canção nº 8
Título: Uma Flor de Verde Pinho
Intérprete: Carlos do Carmo

Música: José Niza

Letra: Manuel Alegre

Orquestração: Thilo Krasmann

Vídeo: aqui

Eu podia chamar-te pátria minha
dar-te o mais lindo nome português
podia dar-te um nome de rainha
que este amor é de pedro por inês.


Mas não há forma não há verso não há leito
para este fogo amor, para este rio
como dizer um coração fora do peito?
meu amor transbordou e eu sem navio.


Gostar de ti é um poema que não digo
que não há taça amor para este vinho
não há guitarras, nem cantar de amigo
não há flor, não há flor de verde pinho.


Não há barco, nem trigo, não há trevo
não há palavras para dizer  esta canção.
gostar de ti é um poema que não escrevo.
que há um rio sem leito. E eu sem coração.


Mas não há forma, não há verso, não há leito
para este fogo amor, para este rio
como dizer um coração fora do peito?
meu amor transbordou e eu sem navio.


Gostar de ti é um poema que não digo
que não há taça amor para este vinho
não há guitarras nem cantar de amigo
não há flor não há flor de verde pinho.

Observação: As letras aqui publicadas foram retiradas das versões originais apresentadas no respetivo festival, quando estas existem.

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